Há uns tempos tive uma discussão com o meu prof de história de arte acerca do valor artístico da demoscene.
Segundo ele, que "sabe ler arte", as demos não têm praticamente relevância artística, e "notam-se claramente que são feitas por pessoas que não percebem nada de arte".
Das que viu apenas destacou aquela do navis em 2D do homem a nadar, e aquela 4Kb dos cubos da nvision. Disse ainda que qualquer uma das obras que lhe mostrei estava bastante melhor do que o que de melhor se faz/fez cá pelo burgo.
Deixo aqui algumas questões:
Acho isso tudo uma grande treta, mas a verdade é que este tipo de coisas existem. Assim como consigo distinguir bom código de mau código nas linguagens que domino, acredito que um artista conseguirá saber distinguir "boa arte" de "má arte" dentro dos estilos que domina. Se bem que no caso do código a avaliação seja puramente lógica (tirando alguns aspectos mais filosofais de sintaxe).
Ironicamente não é algo que se possa responder com um post num blog. Mesmo assim vou tentar:
1- Não é preciso um canudo, mas dá jeito que se tenha passado algum tempo a estudar arte (sobretudo simbolismo a realização)
2- Com a internet há tantas subculturas que qualquer um pode decidir por si, principalmente num meio como a scene. Pelo menos para mim por exemplo só são relevantes as que me despertam a atenção e sou livre para ignorar o resto.
3- Não percebi o que queres dizer com "obras "relevantes" no panorama "artístico" mas não acho que seja assim tão difícil encontrar artistas assim.
4- Curiosidade e experiência.
Epá sinceramente no caso da demoscene isto começou com demos que eram uma sequência de efeitos e evoluíu para o que tens visto. Os resultados disso são apreciadores dessa "desorganização" oldschool e alguns gajos que tentam dar seguimento à coisa e chegam a contar histórias com isso (moppi, ASD). Estes são os grupos de que gosto mais - e o teu professor também.
Também têm a vantagem de poderem ser mais facilmente apreciadas por quem não está dentro da scene.
há poucos artistas na demoscene.
a demoscene é terra de programadores, os artistas acabaram por se dedicar a coisas mais uteis. hoje em dia quase nao ha artistas de real calibre activos na demoscene. pelo contrario vais ver as competicoes de animacao digital de diferentes festivais e é só talento a brotar das universidades.
grayfox: Obrigado. Com a pergunta 3 estou-me a referir a demos que, ao serem lidas" porquem sabe "ler arte", se distingam como inovadoras artisticamente.
O comentário do prof à demo do navis foi: "realmente, esta é das poucas interessantes, não pela originalidade, mas sim porque nota-se que vai buscar inspiração os asiáticos *foo* e *bar* e *baz* (não me lembro dos nomes), que são quem de facto traz inovação nesta área de composição de cenas com fractais"
Perguntou-me ainda:
- "Então diz-me lá em que galerias de arte é que estas obras já passaram?"
A resposta típica de um informático é obviamente:
- "Galerias de arte são uma coisa do passado, estamos no séc XXI"
ps: No entanto muitas das cenas que se vêm aí de processing/flash/whatever em "feiras de artes digitais" são iguais a tantas outras. Para além de que, a nível técnico são precisamente "mais do mesmo mas usando a tecnologia X", e parece-me ser uma área que tem tido muito hype, cativando, inclusive, a atenção das galerias de arte. Quanto a animação não estou por dentro, mas gostava de ver coisas interessantes que eventualmente pudessem servir de inspiração para criar uma demo ou algo, tenho de investigar sobre compos de animação.
"ai buscar inspiração os asiáticos *foo* e *bar* e *baz* (não me lembro dos nomes), que são quem de facto traz inovação nesta área de composição de cenas com fractais"
coiso O_o
mr.h: é tudo merda com 2 paragrafos
vai buscar inspiração os asiáticos *foo* e *bar* e *baz
Também conhecidos por SATORI.
vai buscar inspiração os asiáticos *foo* e *bar* e *baz* (não me lembro dos nomes)
Acho que já me lembro pois, eram os senhores "SA", "TO", "RI".
Obrigado xernobyl :)
Aquelas que chegam mais longe a nível artístico para mim são as dos ASD. Vê-se que não têm nada de aleatório e estão ali para contar uma história ou passar uma mensagem. Quando mostro demos a quem não as conhece costumo ter uma resposta excelente quando mostro alguma coisa deles.
As curtas dos HBC também são uma mistura interessante entre os dois mas tiram o ênfase do real-time e passam-no para a pós-produção.
Sinto que na altura em que a demoscene se alimentar da arte e do design em partes iguais com a programação terá derrotado muitos paradigmas actuais e gerado outros tantos.
tipo as melhores demos da ultima breakpoint terem quase todas sido as que tiveram melhor conceito? :p